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Foto do escritorLuiz Gustavo

Vítimas do Cyberbullying: Amanda Todd

O caso Amanda Todd foi um viral no ano de 2012. A jovem havia feito um vídeo para o Youtube, intitulado “Minha história: Resistindo, bullying, suicídio e automutilação”. O registro alcançou 12 milhões de visualizações, sendo seu último manifesto público. Um mês depois, as autoridades a encontraram enforcada em seu quarto.


Amanda Michelle Todd, nascida em 27 de novembro de 1996, em Port Coquitlam, British Columbia, Canadá, sempre enfrentou dificuldades com seus colegas de escola. Em seu relato publicado no Youtube, Amanda conta sobre seu passado.


Segundo ela, em 2009-2010, quando estava no 7° ano e havia se mudado para morar com seu pai, tinha por costume entrar em conversas online por vídeo com estranhos na internet. Ela frequentemente recebia elogios à sua beleza, o que a motivava a manter o hábito - até que um estranho a convenceu a mostrar os seios, depois de mais de um ano de conversas. Amanda sofreu um fenômeno chamado “capping”, abreviação do termo inglês “screen capping”, significando uma captura de tela de momento íntimo ou embaraçoso. O estranho chantageava Amanda, dizendo que, se ela não fizesse um “show” para ela, a foto vazaria na internet.


Durante o recesso natalino de 2010, Amanda Todd recebeu uma ligação da polícia às 4h da manhã, alegando a circulação da foto na internet. Ela revela ter sofrido com ansiedade, depressão e uma síndrome do pânico ao se sentir sexualmente violada na internet. Sua família se mudou, e Todd admite ter começado a utilizar álcool e outras drogas.


Um ano depois, o estranho criou um perfil falso no Facebook, utilizando a imagem de Amanda nua como foto de perfil. O estranho fez contato com os amigos de escola de Amanda, divulgando a foto e os incentivando a praticar o cyberbullying com a garota, que se viu forçada a, mais uma vez, trocar de escolas.


Neste mesmo período, Amanda relata ter voltado a fazer contato com um “antigo amigo homem”. Tal amigo a convidou para sua casa, onde fizeram sexo enquanto sua namorada estava em viagem. Ao voltar às aulas, a namorada deste amigo, juntamente a outros 15 adolescentes, gritaram e verbalmente agrediram Amanda. A namorada inclusive socou Amanda, que, em profundo sentimento de humilhação, se manteve deitada em uma vala, até que seu pai a encontrou. Depois do ataque, Amanda ingeriu água sanitária em um esforço para se matar, mas sobreviveu ao ser socorrida por uma ambulância. Em seu vídeo, Amanda reconta essa experiência, alegando “Me matou por dentro, eu achei que ia morrer”.


Ao voltar pra casa, Amanda se deparou com ainda mais mensagens maliciosas sobre sua tentativa de suicídio nas redes sociais. Em março de 2012, sua família se mudou para uma nova cidade, para tentar começar do zero, mas Amanda não conseguia largar o passado. De acordo com sua mãe, “toda vez que ela se mudava de escola, ele (o estranho) dava um jeito de se tornar amigo no Facebook de alguém do novo colégio. O que ele fazia era ir até esses alunos e falar que ele mesmo era um aluno novo - que ia começar as aulas junto com eles, e precisava de alguns amigos. Ele então juntava o nome dessas crianças e mandava o vídeo de Amanda nua para eles”.


Depois de seis meses, mensagems de abuso e cyberbullying ainda eram postadas constantemente em suas redes sociais. A medida que sua saúde mental piorava, Amanda começou a praticar auto-mutilação. Embora estivesse em acompanhamento, tomando antidepressivos e recebendo aconselhamento, Amanda teve uma overdose e foi hospitalizada por dois dias.


Amanda foi humilhada por seus colegas por suas notas, que decaíram fruto de uma dificuldade de aprendizado baseada em linguagem, bem como pelo tempo que teve de ser hospitalizada para curar sua depressão. Sua mãe se lamenta: “No dia que ela saiu do hospital, de volta aos trilhos, as crianças começam a zomba-la novamente, a chamando de maluco. Eles são tão maus assim? Não conseguem se ver no lugar dela?”.


No dia 7 de setembro de 2012, Amanda postou um vídeo de 9 minutos no Youtube. Um mês depois, no dia 12 de outubro de 2012, por volta das 6 da tarde, Amanda Todd foi encontrada enforcada em casa. No dia seguinte, o vídeo já tinha mais de 1.3 milhões de visualizações.


A morte de Amanda Todd foi o catalista para muitas mudanças no Canadá, como a criação da “Amanda Todd Legacy Society” e a aprovação legislativa da “Bill C-13”, dispondo sobre cyberbullying e disposição de imagens privadas no Canadá.


No Brasil, temos caso semelhante ao de Amanda Todd: a jovem de 17 anos Dielly Santos, que também se matou por excessivo cyberbullying. Infelizmente, aqui não tivemos mudanças significativas.

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