Há cinco meses, os professores reinventam métodos, técnicas e recursos para alfabetizar crianças a distância, controlar a natural indisciplina dos alunos e ainda se certificar de que
eles estão aprendendo.
A sobrecarga tem se refletido na saúde emocional dos professores de Minas e do Brasil. Ao menos duas pesquisas realizadas este ano mostram a dimensão do problema. Uma delas, realizada pelo portal Nova Escola, ouviu 8,1 mil educadores de todos os estados brasileiros das redes pública e privada. Segundo o levantamento, divulgado em 21 de julho, 28% dos entrevistados avaliam a própria saúde mental como ruim ou péssima nesse momento. Entre os profissionais mineiros, o percentual é de 32%. A experiência de trabalho remoto no estado foi classificada como ruim ou péssima por 72% dos participantes.
Para a psicóloga, Renata Borja, o quadro é propício ao desenvolvimento da chamada Síndrome de Burnout. O distúrbio consta na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde maio de 2019. Os principais sintomas são exaustão, alterações no apetite e humor, sentimento de incompetência, dores musculares e falhas na memória - resultantes de trabalhos desgastantes, competitivos ou que envolvem muita responsabilidade. Em estágios mais avançados, o esgotamento profissional pode levar à depressão profunda.
Entre os principais fatores que impactam a saúde emocional dos professores na quarentena, Renata aponta as transformações bruscas impostas pelo ensino remoto, que exigiram o desenvolvimento de habilidades e competências em grande velocidade.
A grande carga de responsabilidade, o alto nível das cobranças impostas por empregadores de pais de alunos, além da rotina familiar que, com o home office, acaba por atropelar o trabalho, completam a atmosfera estressante dos educadores.
A saída para não pirar durante a pandemia pode estar no que Renata Borja chama de modulação emocional. Trata-se da capacidade de lidar com emoções fortes - sobretudo as negativas, que levam à inércia e ao desvio de foco. O primeira atitude que o profissional pode tomar nesse sentido,é se cobrar menos e ter mais compaixão por si mesmo, além de parar julgar as próprias emoções. O próximo passo, é aprender a usar as emoções de forma assertiva. “Dentro do limite adequado, elas funcionam como um estímulo. A raiva, por exemplo, quando está sob controle traz foco. E que tal eu isso para focar naquilo que, nesse momento, eu consigo fazer, e não para me revoltar com o que eu não consigo? A terapia pode ajudar nesse equilíbrio”, propõe.
Fonte:Estado de Minas
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