Usuários do iFood e da Rappi têm acusado entregadores de praticarem golpes financeiros, com prejuízos acima dos R$ 1 mil. Um consumidor afirma que foi vítima da fraude na compra de um milkshake e perdeu mais de R$ 6 mil.
O Procon de São Paulo já notificou as empresas por causa desta e de outras denúncias e promete pedir investigação policial. O iFood disse neste sábado (25) que fará o reembolso para quem sofreu o golpe, desde que apresente o boletim ocorrência e o extrato bancário comprovando a fraude. Já a Rappi diz que devolução dos valores deverá ser feita pela operadora do cartão de crédito ou débito, o que é contestado pelo Procon.
Segundo a queixas recebidas pelo Procon, o golpe funciona da seguinte forma: depois de o cliente fazer o pedido no aplicativo, uma pessoa telefona para a vítima se identificando como funcionária da empresa, dizendo que houve problema no pagamento do frete e que taxa deverá ser paga pessoalmente.
Quando o entregador chega, ele apresenta uma máquina de cartão com o visor danificado, o que impossibilita checar o valor cobrado. Nisso, é digitado um valor muito maior do que o anunciado e a vitima só descobre quando vê a fatura do cartão.
Rappi e iFood orientam que não entram em contato com os usuários por telefone, que não fazem cobrança extra pessoalmente para pagamentos feitos online.
Eles recomendam que os usuários sempre chequem o valor cobrado na máquina de cartão e que se recusem a pagar, caso não seja possível verificar.
O secretário especial de Defesa do Consumidor de São Paulo, afirmou que o Procon pedirá a abertura de inquérito policial no estado para investigar os profissionais denunciados por furto qualificado e organização criminosa.
Além disso, disse ele, as empresas serão alvo de um processo administrativo, que, se comprovar alguma irregularidade, poderá resultar em multas de até R$ 10,6 milhões, a depender do faturamento da companhia.
O administrador Giovani de Brito Junior, afirma que foi vítima do golpe e que o prejuízo dele foi de R$ 6.004,99. O caso ocorreu na noite do último dia 13, quando ele pediu um milkshake em uma lanchonete localizada na Avenida Paulista, em São Paulo.
Ao receber o pedido, Giovani afirma que colocou o cartão de crédito em uma máquina portátil, de um modelo que sincroniza com o celular, mas no visor dela não aparecia o
valor cobrado.
Questionado, o entregador disse que o aparelho estava com problema, mas que o montante poderia ser verificado em outra maquininha, que apresentou para a vítima e que estava com o valor de R$ 4,99.
Minutos depois da entrega, o administrador desconfiou e foi checar a fatura do cartão. Nisso, encontrou o pagamento dos R$ 6 mil, feito em nome de Nikolas, que, segundo a vítima, não era o mesmo nome do entregador que apareceu no app.
No portal Reclame Aqui existem outros relatos recentes sobre golpes parecidos . Em outro caso também atribuído ao iFood, um usuário relatou que, após pedir em um restaurante de comida australiana de um shopping do ABC Paulista, também teve prejuízo superior a R$ 6 mil.
No caso do iFood, a empresa informa que os consumidores afetados pela fraude devem registrar boletim de ocorrência e entrar em contato pelos canais oficiais de atendimento ao cliente via aplicativo, enviando o B.O. e extrato bancário, para que a empresa possa analisar o caso.
Segundo Fernando Capez, as empresas de entrega não poderão se negar a reembolsar o dinheiro e devem ser responsabilizadas pelo golpe também, independentemente se há ou não vínculo trabalhista com esses entregadores.
Para o Procon, de acordo com o Artigo 34 do Código de Defesa do Consumidor, iFood e Rappi precisam responder pelos atos desses entregadores enquanto estes estiverem representando a plataforma.
A recomendação do secretário é de que as vítimas deste golpe façam uma reclamação ao Procon de seu estado e registrem um Boletim de Ocorrência, seja online ou na delegacia do consumidor. Depois disso, é preciso aguardar o desfecho das investigações.
Em resposta à notificação do Procon, na quarta-feira (22), o iFood disse ter identificado 28 fraudes do tipo.
Em nota, o iFood diz que, quando o consumidor opta pelo pagamento online, em nenhuma hipótese é exigido pagamento adicional na entrega do pedido, e que a empresa não entra em contato por telefone em nenhum momento. Se isso ocorrer, afirma, o usuário deve se negar a fazer qualquer pagamento.
A empresa recomenda aos consumidores, que, em qualquer tipo de transação envolvendo cartão, chequem o valor no visor da máquina e não insiram a senha caso não vejam claramente o valor.
A companhia confirmou que procurou Giovani de Brito Junior para esclarecer o ocorrido e que iria investigar o caso.
A Rappi também afirmou que não realiza pagamentos com máquinas de cartão e que instrui os entregadores a seguirem integralmente as leis.
Disse ainda que existe um canal de atendimento aos clientes dentro do aplicativo para reportar "qualquer problema na plataforma".
Fonte:G1
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