Desse futuro nebuloso que a pandemia instaurou, uma nova realidade no mercado de trabalho começa a surgir. Hoje, por obrigação, muitas funções desempenhadas em escritórios passaram a ser feitas em casa, amanhã, o formato do home office deve se solidificar . Uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) estima que 30% dessa força de trabalho ainda será realizada remotamente, mesmo sem a necessidade de distanciamento social. Mas como está o profissional que, de uma hora para outra, perdeu a noção de tempo e espaço que guiava sua vida profissional e pessoal?
Um estudo desenvolvido pelo Centro de Inovação da FGV-EAESP, revelou que, para a maioria dos entrevistados, ainda não está tudo bem: 56% dos participantes relataram que a grande dificuldade dessa experiência é justamente manter a rotina equilibrada. Esse desafio é mais evidente entre aqueles que nunca tiveram uma experiência prévia de trabalho em casa, como é o caso de 32,5% dos entrevistados. Uma boa parte (40,7%) teve alguma experiência anterior ao menos em um dia da semana (entre 1% e 20% do tempo). Com mais ferramentas sendo usadas de forma remota — o Zoom, plataforma de reuniões online, passou a ser usado depois da quarentena por 58% dos entrevistados —, manter a comunicação de qualidade com a equipe de trabalho e clientes foi indicado como o desafio mais fácil de ser enfrentado.
A pesquisa, feita entre os dias 13 e 27 de abril com 464 pessoas de todo o Brasil, levou em consideração a pirâmide geracional do país, mas, ao contrário do que se imaginava, são os chamados nativos digitais (nascidos a partir de 1995) os profissionais com mais dificuldade na adaptação.
O estudo também seguiu a proporção de homens e mulheres da população brasileira — e ambos os gêneros estão sentindo as mesmas coisas. Questões como promoções, reajuste de salário e projetos de mudança de emprego ficaram em suspenso. Agora, só existe um pensamento: estaremos empregados daqui a alguns meses? Segundo o levantamento, essa dúvida tem afetado diretamente a concentração no trabalho.
O desafio só é considerado fácil para as pessoas que já passaram pela experiência (31,2%). Entre aqueles que encaram o trabalho remoto pela primeira vez, apenas 21% disseram não encontrar dificuldade.
45,8% disseram que a carga de trabalho aumentou 31% indicaram que permanece igual 23,1% tiveram redução na jornada de trabalho Segundo o levantamento, a dificuldade em encontrar o balanço ideal nessa rotina em casa tem sido sentida com mais intensidade entre quem relata que teve a carga de trabalho alterada, para mais ou para menos. Aqueles que mantiveram a sua carga de trabalho sem alterações em relação à vida antes da quarentena têm mais habilidade para equilibrar estes momentos.
O aumento na carga de trabalho tem acompanhado a faixa salarial dos entrevistados. Para 52,8% dos participantes que recebem acima de 15 salários mínimos, houve aumento de demanda. Para 51,5% dos que recebem menos de três salários mínimos, houve queda no horário de expediente.
45,8% não estão confiantes na manutenção dos empregos e têm dificuldade de concentração O levantamento mostrou que a dificuldade em manter o foco no trabalho está ligada à sensação de temor relativo à estabilidade no emprego. A dificuldade de concentração é um problema menor para aqueles que não estão nem confiantes e nem desconfiados de que permanecerão empregados (30,9%) e para os que estão confiantes de que continuarão em suas funções (34%).
32,5% das pessoas que trabalham em uma startup acham fácil manter a produtividade O número é muito maior entre os funcionários de multinacionais (49,6%) e de empresas nacionais (42,7%). Uma possível explicação para o resultado é que empresas mais tradicionais costumam ter processos de trabalho mais definidos e constantes.
Fonte:Uol
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