Após um ano letivo sem aulas presenciais, pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas de todo o país acreditam que, se continuarem fechadas, as crianças da pré-escola terão o seu desenvolvimento comprometido, enquanto aquelas dos anos iniciais do Ensino Fundamental terão um atraso em seu processo de alfabetização. Em relação aos adolescentes, a percepção é a de que tenham problemas emocionais por causa do isolamento e que os alunos do Ensino Médio correm o risco de desistir dos estudos.
Estes dados são indicados na quinta edição da pesquisa Datafolha “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, realizada com 1.015 pais e responsáveis de estudantes das redes públicas municipais e estaduais.
Os prejuízos decorrentes da falta de aula presencial podem ser maiores para os estudantes socialmente vulneráveis. Para 80% dos pais e responsáveis, eles correm o risco de ficar para trás por terem mais dificuldades para estudar em casa. A taxa dos que temem que seus filhos desistam da escola chegou a 35%.
A diminuição da renda familiar é outro ponto de atenção: na pandemia a renda diminuiu para 47% dos entrevistados.
O reconhecimento da importância da retomada das aulas presenciais traz, em contrapartida, a insegurança e o temor sobre o contágio da Covid. Apenas 19% dos pais ou responsáveis disseram que ‘confiam muito’ na capacidade da escola de se adequar aos protocolos de segurança sanitária na reabertura. 43% deles não confiam na capacidade dos alunos de se adequarem às normas sanitárias, índice que era de 24% em setembro.
No cenário nacional, somente 5% das escolas frequentadas por estudantes das famílias que participaram da pesquisa reabriram em novembro, das quais 66% tem aulas apenas em alguns dias da semana.
Para 79% dos pais, as escolas deram apoio durante o período sem aulas presenciais, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O suporte consistiu principalmente em professores disponíveis para tirar dúvidas dos responsáveis, orientações gerais sobre como apoiar os estudantes para fazerem as atividades e sugestões para motivá-los a participar. As atividades a distância possibilitaram aos alunos o desenvolvimento de algumas competências.
A motivação é um fator crítico para o engajamento e observa-se um processo de desmotivação desde maio de 2020, quando ocorreu a primeira edição da série de cinco pesquisas realizadas até agora pelo Datafolha. Enquanto em maio 46% dos estudantes estavam desmotivados, em novembro o percentual subiu para 55%.
Deve-se considerar que houve um incremento no índice de alunos que receberam atividades por equipamentos e material impresso, de 34% para 63% no período de maio a novembro de 2020. No entanto, cai o tempo dedicado para as atividades.
Em um período letivo tão atípico, uma questão é fundamental: evitar a evasão escolar. A pesquisa segmentou os estudantes em quatro categorias: ‘Adaptados’, ‘Superadores’, ‘Resilientes’ e ‘Em risco’. Considerando os dados apurados de maio a novembro, observa-se que o grupo dos estudantes ‘Em risco’ mantém-se estável em cerca de um terço, similar ao grupo dos ‘Resilientes’. Quando perguntados qual a expectativa para 2021, 34% afirmam estar otimistas, enquanto 36% estão razoavelmente otimistas.
Fonte: EcoDebate
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